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Mitos e verdades – Reprodução humana

Postado na categoria Artigos em e atualizado em 25/11/2024

Acreditamos que os mitos da reprodução humana surjam devido à grande ansiedade e, em parte, desconhecimento por parte dos casais que estão ansiosos e querendo uma resposta rápida ou, até mesmo, uma solução mágica para este problema que é real, incomoda muito, mas não provoca dor, febre, nada… Nenhum sintoma…

Apresentamos os 10 maiores mitos em reprodução humana ou, pelo menos, aqueles que escutamos mais frequentemente durante uma consulta ou numa conversa informal:

1. Relação sexual no dia da ovulação = bebê do sexo masculino –  Relação sexual no dia anterior à ovulação = bebê do sexo feminino

Este conceito equivocado se deve ao descobrimento de que o espermatozoide que contém o cromossomo X (que determinará o sexo do bebê feminino) seja mais lento, mas com uma vida mais longa, quando comparado com o espermatozoide que contém o cromossomo Y (determinante do sexo masculino). Assim, se a relação ocorre no dia da ovulação, o espermatozoide com o Y chegaria primeiro para fertilizar o óvulo, mas se a relação acontecer no dia anterior, eles já estariam mortos no momento da ovulação, restando apenas aqueles que contêm o cromossomo X. Só que, na prática, a coisa não funciona assim.

2. O uso da pílula contraceptiva por muitos anos pode causar infertilidade

É um mito. O que acontece, na maioria das vezes, é que o uso da pílula mascara um problema nos ovários (dificuldade de ovulação, por exemplo) que só será descoberto após sua suspensão. Geralmente, estes problemas se manifestariam com irregularidade da menstruação, sinal que não pode ser identificado quando a mulher está em uso da pílula.

3. Quanto maior o número de relações sexuais, maiores as chances de engravidar

Não é verdade. O importante é que se mantenha relação sexual no período fértil, isto é, próximo da ovulação. Também o inverso não é verdadeiro: “acumular por muitos dias”, ou ficar um longo período sem relações sexuais e, após este período, manter relação: NÃO FUNCIONA! Tanto o excesso como a falta de abstinência sexual podem afetar negativamente a qualidade espermática, diminuindo as chances de gestação.

4. Síndrome dos Ovários Policísticos (Polimicrocísticos) = infertilidade

Mito! Sabe-se que até 25% (1 em cada 4) das mulheres apresentam os ovários com aspecto polimicrocístico em exames de ultrassonografia, mas, na verdade, não apresentam a síndrome. Além do mais, nem todas as mulheres com ovários policísticos são anovulatórias (não ovulam). Entre aquelas que apresentam a síndrome, a maioria apresenta ciclos ovulatórios de forma esporádica. Nestes meses, sua chance de engravidar é a mesma daquela que ovula regularmente.

5. Útero retrovertido (útero invertido) reduz as chances de gravidez

Mito. Sabe-se que cerca de 5% das mulheres apresentam o útero retrovertido e não, necessariamente, são inférteis. Ele deve ser visto como uma característica natural da mulher e não como uma anormalidade.

6. Relação sexual no dia da ovulação = gravidez

Mito. As possibilidades de se alcançar uma gestação a cada tentativa (mês) chega a, no máximo, 20%, dependendo da faixa etária, é claro. Quanto maior a idade, menores as possibilidades.

7.  Uso frequente da “pílula do dia seguinte” interfere na fertilidade feminina

Mito. O seu uso frequente não afeta a fertilidade, mas pode provocar uma “quebra do ritmo hormonal” da mulher, dificultando saber quando ela está no seu período fértil. Desta forma, ela NUNCA deverá ser usada de modo rotineiro.

 8. O orgasmo feminino aumenta a chance de engravidar

Mito que surgiu devido ao fato fisiológico de que, no momento do orgasmo, o útero se contrai e relaxa, provocando uma pressão negativa que facilitaria a ascensão dos espermatozoides.

9. Alimentos afrodisíacos, como ovo de codorna e amendoim, aumentam a fertilidade

Mito. A sexualidade e a libido não têm relação nenhuma com a fertilidade.

10. Um aborto espontâneo reduz as chances de a mulher engravidar novamente

Mito. Toda mulher grávida apresenta cerca de 20% de risco de abortar, mas ele pode ser um sinal de que algo está errado e, por isso, a sua causa deve ser investigada. Quando isso acontece espontaneamente com menos de 12 semanas, o principal motivo é o defeito genético do embrião. Porém, se houver três ou mais abortos espontâneos, o casal deve ser minuciosamente avaliado.

Apresentamos, agora, as maiores verdades que devem ser levadas em consideração por médicos e pacientes:

1. A idade da mulher é o maior fator de prognóstico para se conseguir uma gravidez

Sim! A idade da mulher é o fator mais importante a ser considerado quando se decide calcular as possibilidades de gravidez de um casal. A idade afeta não somente a quantidade de óvulos, mas também a sua qualidade! Se a incidência de infertilidade feminina gira em torno de 12% antes dos 35 anos, beira os 35%, após os 40 anos.

2. A infertilidade afeta em igual proporção os homens e as mulheres

Sim. Acredita-se que cerca de 40% das causas de infertilidade se devam a uma causa feminina, 40% a uma causa masculina, 10% a um fator misto (um problema na mulher associado a um problema no homem) e outros 10% a um fator desconhecido (infertilidade sem causa aparente).

3. É possível preservar a fertilidade, tanto de homens como de mulheres

Sim. Tanto homens, que serão submetidos a tratamentos que possam destruir a produção de espermatozoides, ou mesmo previamente a realização da vasectomia, como mulheres, que possam ter diminuição ou esgotamento da sua reserva ovariana, quer seja por tratamento quimioterápico, radioterápico ou cirúrgico, poderão preservar sua fertilidade por meio do congelamento de seus gametas. Nas mulheres, o aconselhável é que procurem este procedimento, preferencialmente, antes dos 35 anos de idade.

4. Desequilíbrios nutricionais associam-se à redução da fertilidade

A dificuldade de se obter uma gravidez acomete os dois extremos. Tanto as mulheres com baixo índice de massa corporal (IMC) por exemplo, as anoréxicas ou as atletas de alta performance, como as de alto IMC (obesas), podem apresentar desequilíbrios hormonais que afetam o ciclo ovulatório. Em casos extremos, é possível até que haja um desaparecimento da menstruação nestas mulheres.

5. Um ano de tentativas sem gravidez é indicativo da necessidade de se procurar um especialista

Sim! Este intervalo de tempo é o clássico para que se considere o casal com dificuldades para se conseguir uma gravidez. Atualmente, recomendamos maior rapidez com os casais nos quais as mulheres apresentem mais de 35 anos de idade. Para eles, aconselhamos que busquem ajuda após 6 meses de tentativas sem sucesso.

6. Hábitos de vida podem afetar negativamente a fertilidade

Sim, maus hábitos de vida podem afetar tanto a fertilidade masculina como a feminina. Sabe-se que o consumo de café e álcool em excesso, cigarro e drogas podem reduzir a quantidade e a qualidade dos espermatozoides e óvulos. A obesidade também está associada à uma maior incidência de infertilidade nos dois sexos.

7. Endometriose pode estar associada à infertilidade

Sim, a endometriose pode provocar aderências pélvicas e obstrução nas trompas, causando a impossibilidade da captação do óvulo pelas trompas e, consequentemente, inviabilizando a sua fertilização pelo espermatozoide. Em casos mais avançados, a endometriose pode afetar não só a qualidade dos óvulos, mas também a sua quantidade, comprometendo ainda mais as possibilidades de se obter uma gestação.

8. Quimioterapia e radioterapia podem interferir de maneira transitória ou definitiva a produção dos gametas masculinos e femininos

Sim, estes tratamentos podem provocar uma lesão definitiva nas células que originam tanto os espermatozoides como os óvulos. Acreditamos que estes pacientes devam ser sempre informados sobre este risco.

9. É possível estimular os ovários de uma mulher com câncer e não piorar seu prognóstico

Sim, hoje dispomos de protocolos de estimulação ovariana que se mostraram seguros, rápidos e eficazes neste grupo de mulheres. O tratamento tem uma duração de aproximadamente 10-12 dias, que possivelmente não afetará o tratamento oncológico.

10. Reprodução Assistida é regida por Regulamentação do Conselho Federal de Medicina

Sim, embora não existam leis para sua regulamentação no Brasil, recentemente, o Conselho Federal de Medicina publicou a Resolução CFM 1957/2010 com o objetivo de pautar as Normas Éticas para a Utilização das Técnicas de Reprodução Assistida, a serem seguidas pelos médicos especialistas em Reprodução Humana.

Para mais informações e esclarecimentos, entre em contato conosco através do e-mail: contato@clinicavilara.com.br